Denúncias explosivas de um ex-funcionário americano, Mike Benz, acusam a Rede Globo de integrar uma rede de desinformação financiada pelos EUA, via USAID, para influenciar as eleições brasileiras de 2022. Sem provas concretas, as alegações ecoam no X e intensificam a crise diplomática entre Brasil e EUA, enquanto a Globo nega e especialistas questionam a veracidade.

Em 6 de agosto de 2025, durante uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados, o ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA, Mike Benz, lançou uma bomba: a Rede Globo, incluindo TV Globo, GloboNews, G1 e o jornal O Globo, teria participado de uma rede de desinformação financiada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Segundo Benz, citado em postagens no X como @TumultoBRacervo e @Alexmorettibr, sete agências de checagem de fatos, treinadas e bancadas pelos EUA, teriam manipulado narrativas para favorecer a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, em detrimento de Jair Bolsonaro (PL). As acusações, porém, carecem de evidências sólidas e se inserem em um contexto de tensões diplomáticas sem precedentes entre Brasil e EUA, agravadas pelas tarifas de 50% impostas por Donald Trump e sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.

O Cerne das Denúncias

Mike Benz, conhecido por suas críticas à censura online, alegou na CREDN que a USAID financiou operações de checagem de fatos no Brasil, envolvendo a Rede Globo, para combater suposta desinformação, mas que, na prática, isso teria servido para manipular o debate eleitoral. Postagens no X, como a de @Neymente_, afirmam que documentos apresentados por Benz mostram a Globo como parte de uma rede com “sete agências de checagem” que atuariam para silenciar vozes conservadoras. A narrativa ganhou tração entre apoiadores de Bolsonaro, com hashtags como #GloboDesmascarada e #VazaToga, especialmente após as sanções americanas contra Moraes, acusado de perseguir opositores e censurar redes sociais, conforme reportado pelo G1 em 30 de julho de 2025.

As denúncias, no entanto, são inconclusivas. A Rede Globo, em nota ao G1, negou qualquer participação em esquemas de manipulação eleitoral, afirmando que suas operações de jornalismo e checagem seguem padrões éticos e independentes. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em resposta às acusações, convocou o encarregado de negócios dos EUA, Gabriel Escobar, para esclarecimentos, considerando as alegações “inverídicas e ofensivas”, segundo O Globo em 7 de agosto de 2025.

Contexto Diplomático Explosivo

As acusações contra a Globo surgem em meio à pior crise diplomática entre Brasil e EUA em 200 anos, conforme analistas como Rubens Ricupero e Matias Spektor, citados por O Globo em 3 de agosto de 2025. Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, alegando “ameaças à segurança nacional” e “perseguição política” contra Bolsonaro, especialmente por ações do STF lideradas por Moraes. A Lei Magnitsky, aplicada contra Moraes em 30 de julho de 2025, bloqueou seus bens nos EUA e acusou-o de violações de direitos humanos, como detenções arbitrárias e censura, segundo o Departamento do Tesouro americano. Essas medidas intensificaram a narrativa de interferência externa, com postagens no X, como a de @PazuelloGeneral, sugerindo que a Globo poderia enfrentar sanções por “disseminar informações falsas”.

Especialistas, como Carlos Gustavo Poggio, da Berea College, apontam que as denúncias de Benz carecem de documentação pública robusta. “É uma narrativa conveniente para polarizar, mas sem provas verificáveis, não passa de especulação”, disse Poggio à BBC News Brasil. O próprio Benz, que já defendeu teorias controversas, não apresentou documentos acessíveis ao público, e as agências de checagem citadas não foram nomeadas nas postagens do X. A USAID, por sua vez, não se pronunciou diretamente sobre as acusações, mas o Itamaraty reforçou a soberania brasileira, com Lula declarando: “Temos todo o nosso ouro para proteger.”

O Papel da Globo e a Reação

A Rede Globo é alvo frequente de críticas por apoiadores de Bolsonaro, que a acusam de viés político. As denúncias de Benz reforçam essa percepção, mas não trazem evidências concretas de financiamento direto da USAID à Globo. O G1 relatou, em 7 de agosto de 2025, que as agências de checagem no Brasil, como Lupa e Aos Fatos, operam com parcerias internacionais, mas não há registros públicos de que a Globo tenha recebido fundos da USAID para manipulação eleitoral. A Globo reiterou que suas checagens são conduzidas por equipes internas, sem interferência externa.

No X, a hashtag #GloboDesmascarada foi usada por usuários como @Saray_sandrac para amplificar as denúncias, mas a ausência de provas documentais limita o impacto. No grupo “Leme em Foco” no Facebook, moradores de Leme, SP, discutem o caso, com alguns questionando a credibilidade da Globo, enquanto outros defendem seu jornalismo. A polarização reflete o clima nacional, onde a desconfiança na mídia é alimentada por narrativas externas.

Fontes Citadas

• G1, “Embaixada dos EUA ameaça aliados de Moraes”, 7 de agosto de 2025.

• O Globo, “Com ingerência explícita de Trump, Brasil e EUA vivem pior momento da relação diplomática”, 3 de agosto de 2025.

• G1, “EUA sancionam Moraes com lei Magnitsky”, 30 de julho de 2025.

• G1, “Trump assina decreto que impõe tarifa de 50% ao Brasil”, 31 de julho de 2025.

• BBC News Brasil, “Como o Brasil poderia retaliar os EUA após tarifas de Trump”, 7 de dezembro de 2024.

• Postagens no X de @Neymente_, @Alexmorettibr, @TumultoBRacervo, @Saray_sandrac, 6 a 7 de agosto de 2025.